Jornalismo, pirataria, financiamento e credibilidade

No editorial da revista Época desta semana, o editor Helio Gurovitz sai “em defesa do jornalismo”. Para ele, a tolerância com a cópia, a depredação do trabalho alheio e a pirataria fragmentou a audiência e tem impedido as empresas que vivem da produção de conteúdo de sustentar seus negócios tanto na rede quanto fora dela. “Praticamente todos os blogs e sites de vídeo ainda dependem de notícias geradas pela mídia tradicional- que não é remunerada por seu uso”. E deveria?

Que pirataria é essa? No meu entendimento, pirataria consiste quando um individuo se favorece financeiramente da produção artística, ou intelectual, alheia. A notícia não possui dono. Somente a opinião. Por isso eu acho complicado cobrar pelas notícias, ou impedir a propagação dela.

“Não só nos Estados Unidos os jornais lutam para sobreviver diante da concorrência on-line. A internet transformou completamente o modo como lidamos com a notícia. Sobretudo, ela abalou as bases de um negócio sustentado pela venda de produtos e anúncios”, diz Helio.

O jornalismo alerta que a independência editorial só pode ser garantida se as empresas tiverem independência dos partidos políticos, dos governos e dos interesses envolvidos nas notícias. A independência editorial só pode ser garantida pela independência financeira das empresas jornalísticas.

“Todos os cidadãos precisam entender que o futuro de nossa democracia depende disso. E ele defende que o jornalismo na nova sociedade digital não será resolvida por atitudes de benemerência ou filantropia. Ela só terá uma solução quando a sociedade entender que os conteúdos gerados e publicados no meio on-line devem estar sujeitos às mesmas normas e leis que regem a imprensa tradicional”.

A minha interpretação é que ele defende o atual modelo de negocia dos jornais impressos, para os on-lines. Anúncio e venda de jornais.

Robert Picard, professor de economia de mídia, disse em artigo que “o valor na economia é criado quando os produtos e serviços finais têm mais valor – determinado pelos consumidores – do que a soma do valor de seus componentes. Esse valor adicional [no jornalismo] não existe hoje porque há uma quantidade muito maior de fontes de notícias e informações disponíveis”.

 Para o professor, “o jornalismo deve inovar e criar novos meios de colher, processar e distribuir informações de forma que ofereça conteúdo e serviços que seus leitores, ouvintes e espectadores não poderiam receber de outra forma. De tal maneira que os usuários desejem pagar um preço razoável por isso”.

 Algo que temos que pensar. Antes que a velocidade das mudanças passe por cima da gente.

Lanier Rosa: Estudar jornalismo

Convidei a estudante de jornalismo, Lanier Rosa, para escreveu um texto, para o PuTz!, sobre as suas primeiras impressões em relação ao curso de comunicação. A minha intenção é convidar algumas pessoas para contribuir na discussão sobre comunicação em geral. Então, porque jornalismo?

 

Sobre estudar jornalismo

 Lanier Rosa

 Já diria o poeta, que a vida é uma caixinha de surpresas. Comigo não tem sido diferente. Vislumbrava, desde sempre, uma profissão que me permitisse não ficar o dia inteiro trancada em uma sala, mas que em algum momento do dia, me concedesse este desconto. E desculpem-me os contrários, mas escolhi jornalismo por considerar-me comunicativa e gostar de ler e escrever. Afinal, não é comunicação social?

 Ciente de que isto não seria o bastante, mas que já seria o começo, comecei o curso de jornalismo. Cheia de vontades e interesses, e com uma crise bem no meio do primeiro semestre. Pois é, logo no primeiro semestre. Será que vou conseguir levar essa vida de louco? Tantos foras, tantos furos… Será que conseguirei tornar-me uma jornalista genial, única? Será que um dia conseguirei admirar meu próprio texto?

 Tudo foi se revelando muito mais difícil do que parecia. Logo bateu o desespero e a vontade súbita de mudar de curso: – Mãe, vou fazer psicologia!

 Mas como o tempo é o melhor amigo das crises, fui salva antes de jogar fora um dos maiores desafios da minha vida: a oportunidade de crescimento, de descoberta, de conhecimento e de ser ousada. Afinal, o jornalista que não é ousado, é provavelmente usado!

 Descobri que em jornalismo não existem fórmulas, e que é preciso um pensamento social para fazer um bom jornalismo. Uma descoberta impressionante foi saber que as redações passam bem longe da imagem de bar em chamas. E que escolhi uma profissão que me concederá aprendizado diário, oportuno e obrigatório. Reafirmei uma antiga teoria, de que as palavras… Ah! Elas têm muito poder!

 Realidade resgatada… Nem de binóculos consigo ver o fim do meu curso. Ainda falta muito. Confesso, fui conquistada por esta profissão. Admito, ainda nem posso dizer muito do que é ou não ser jornalista. Mas tenho certeza, que é um dos maiores desafios que já vivi, e não pretendo me acovardar diante deste.